Ali Nuhu Mohammed – uma das estrelas mais brilhantes do cinema
Dulce Araújo - Vatican News
Nollywood. O termo surgiu nos anos 90 em analogia a Hollywood e é o cartão de visita cinematográfico da Nigéria, segundo país que mais filmes produz no mundo. É uma proeza que surpreendeu muitos dos participantes italianos no encontro realizado em Roma a 9 de abril de 2025 sobre o tema “Visões entrelaçadas: o diálogo cultural entre a Itália e a África através do cinema”. Foi na sede da Enciclopédia Italiana Treccani, cujo sector cultural organizou o encontro juntamente com o IDIAF, Instituto para o Diálogo entre a Itália e a África.
Articulado em dois painéis orientados a conhecer a conhecer a realidade cinematográfica dos países e a estabelecer uma cooperação entre eles neste âmbito, o encontro contou com projeção de excertos de alguns filmes e com a participação de realizadores, atores, decisores de ambas as partes. De entre eles, Maria Pia Ammirati, Diretora da Rai/Fiction e Ali Nuhu, ator e realizador nigeriano, director da Nigerian Film Corporation e Nollywood. No dia seguinte ao encontro, Ali prestou-se, nos estúdios da Rádio Vaticano, a uma ampla entrevista que aqui pode ler e também ouvir na emissão "África em Clave Cultural: personagens e eventos" que inclui também a crónica do poeta e editor, Filinto Elísio (Rosa de Porcelana Editora) sobre este cineasta nigeriano.
Crónica - Ali Nuhu Mohammed – uma das estrelas mais brilhantes do cinema
" O ator e diretor nigeriano Ali Nuhu Mohammed é um dos casos mais proeminentes e surpreendentes na arte e na indústria do Cinema.
Ali Nuhu Mohammed nasceu em Maiduguri, estado de Borno, no nordeste da Nigéria. O pai, Nuhu Poloma, trabalhava com governo local de Balanga, no estado de Gombe, e a mãe, Fatima Karderam Digema, trabalhava com governo local de Bama, no estado de Borno.
Ali Nuhu cresceu em Kano, no norte da Nigéria, e frequentou o Dawakin Tofa Science College Kano e então recebeu um diploma de bacharel em Geografia pela Universidade de Jos.
Mais tarde, fez cursos de Cinema na Academia Asiática de Cinema e Televisão de Noida, Delhi, Contação de Histórias Transmídia no Departamento de Artes Cinematográficas da Universidade do Sul da Califórnia e Atuação para a Câmara no Los Angeles Center Studios, Relativity Education.
Estreou-se como ator com o filme "Abin Sirri Ne", de 1999, um dos filmes hausa de maior bilheteria da época. Ali Nuhu estrelou várias sequências, incluindo "Azal", "Jarumin Maza", e "Sitanda" tendo sido premiado como Melhor Ator Coadjuvante no Africa Movie Academy Awards em 2007.
Recebeu um doutoramento da ISM Adonai American University, República do Benim, em 2018.
É um dos atores mais condecorados do cinema hausa e aparece frequentemente em listas das pessoas mais populares, elegantes e influentes da Nigéria.
A sua dedicação a iniciativas filantrópicas fez aumentar o seu reconhecimento público, demonstrando seu compromisso em causar um impacto positivo na sociedade.
Ali Nuhu foi embaixador de diversas campanhas governamentais e não governamentais, incluindo Globacom, OMO, Samsung e outras. Relevante tem sido a contribuição de Ali Nuhu ao Nollywood e ao Kannyood, os dois grandes polos do cinema do seu país, ajudou a catapultar a Nigéria a segundo país da indústria cinematográfica do mundo, depois da Índia, com Bollywood.
A sua participação em filmes tanto em língua Hausa como em língua inglesa faz dele um dos atores mais influentes cinema, com reconhecimento internacional. Costuma-se dizer que ele é a primeira celebridade nigeriana a atuar nas indústrias cinematográficas de Kannywood e Nollywood.
Está-se perante uma figura que já fez parte de cerca de quinhentos filmes e que, em 2024, foi nomeado, pelo Presidente da República da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu como Diretor Executivo da Nigerian Film Corporation."
Filinto Elísio, poeta, ensaísta, editor - Rosa de Porcelana Editora
Entrevista
1 - Ali Nuhu, como nasceu a sua vocação para a 7ª arte, o cinema?
“Bem, a arte do cinema sempre foi para mim uma paixão, desde a minha infância, porque ainda pequeno via muitos filmes na televisão. E foi a partir daí que desenvolvi o interesse pelo mundo do cinema. No entanto, quando fui para a Universidade formei-me em Geografia. Mas ao longo do caminho, quando me aproximei do mundo do cinema, senti que era necessário me aperfeiçoar, me capacitar e acabei por fazer cursos de cinema. Pude frequentar a Academia Asiática de Cinema e Televisão, na Índia, onde fiz um curso de realização cinematográfica. A seguir, fui para a Universidade do Sul da Califórnia fazer estudos de multimédia e narração de histórias. Isso foi no âmbito de um programa de intercâmbio da Embaixada dos EUA. E, por fim, estive no Los Angeles Centre Studios, onde estudei Atuação para a Câmara. Então, tudo isso junto me fez ser quem sou hoje no campo do cinema.”
2 - Nasceu em Maiduguri, em 1974, mas cresceu em Kano, onde teve sucesso no mundo do cinema, o chamado Kannywood, e depois transferiu-se para Nolliwood. Porque essa transferência, e o que significam exatamente esses termos, Kannywood e Nollywood?
“Sim, veja, a indústria cinematográfica nigeriana é muito grande, porque a Nigéria é um país com uma enorme população, diversas culturas e tradições e diferentes línguas, temos mais de trezentos idiomas. E a região da Nigéria onde se produz a maior parte dos filmes é o Norte, sobretudo no Estado de Kano, e ali essa indústria é conhecida por Kannywood e faz parte da indústria geral do cinema na Nigéria, Nolliwood, termo que surgiu no Sul, simplesmente porque Lagos é o centro. Então, quando se fala em produção cinematográfica na Nigéria, há três lugares, onde as coisas acontecem realmente: Kano, Lagos e Asaba.
Agora, o que diferencia Kannywood de Nollywood? É o tipo de cultura, de tradição, de religião que predomina em cada uma das regiões e que constitui o conteúdo dos filmes. Por exemplo, no Norte da Nigéria, predomina o povo hausa, embora haja também outros povos minoritários. E o que predomina nos filmes é a língua, a cultura, a tradição haussa e a religião é a muçulmana. Os filmes produzidos no Norte refletem isso tudo e são designados Kannywood. Já no Sul é a religião é predominantemente cristã e há um modo de vida, de certo modo, ocidental. Os povos são igbu e iuruba, cujas culturas estão presentes em todo o Sul. Também ali há outros povos minoritários. Então foi isso que criou a dicotomia entre Nollywood e Kannywood, mas, no fundo é a mesma indústria.”
3 - Aqui em Itália, Maiduguri tornou-se um nome conhecido por causa do terrorismo de Boko Haram. Isto afetou, de algum modo, o seu trabalho, ou o cinema em geral na Nigéria?
“Claro, no Norte, isso afetou porque todo o mundo tomou consciência da questão da segurança. E, sabe, quando se fala em cinema, fala-se em lugares que reúnem muita gente. E isso fez com que o cinema no Norte, naquele período, não fosse tão vibrante como costumava ser, pois o Norte tinha uma forte cultura cinematográfica nos anos, 50, 60, 70 e até mesmo nos anos 80. Mas, quando surgiu a questão de Boko Haram, as instituições de segurança começaram a ficar alertas e em qualquer lugar onde pudesse estar muita gente, diziam não. Mas agora as coisas voltaram à normalidade, porque mesmo em Maiduguri, há lugares onde você vê reuniões e nada acontece, porque os lugares são seguros. Mas sim, naquela época, a questão do Boko Haram afetou as atividades cinematográficas. As bilhetarias estavam vazias. As pessoas não queriam ir ao cinema.”
4 - Precisamente nestes dias ouvi na Rádio que se teme o retorno de Boko Haram!
“Sim, é verdade, eu também ouvi no noticiário que houve dois ataques recentemente, mas tenho certeza de que o pessoal da segurança está a trabalhar no sentido de garantir que essas coisas sejam resolvidas.”
5 - Esperemos.
Cienma - Cooperação África-Itália
6 - Falemos agora, Ali Nuhu, do encontro de Roma sobre “Visões entrelaçadas. O Diálogo cultural entre Itália e Africa através do Cinema” em que participou. Grande parte dos intervenientes, a começar pela diretora da Rai Fiction, mostrou-se surpreendida com a pujança do cinema na Nigéria e perguntaram-lhe a que se deve isso. Quer explicar também para os nossos ouvintes?
“Sim, claro, no encontro, disse que há muitos fatores que impulsionaram o progresso de Nollywood. Primeiro, falei da natureza resiliente da maior parte dos cineastas nigerianos. Sabe, quando nos apaixonados por algo, nos esforçamos ao máximo. Usamos os recursos que temos.
Geralmente para se fazer um filme é preciso muito financiamento. Ora, no período em que Nollywood surgiu, não havia financiamento disponível em nenhum lugar para cineastas. Mas sentíamos a necessidade de contar as histórias do nosso povo, do nosso modo de vida, as nossas atividades diárias, a forma como lutamos, como rimos, enfim, tudo à nossa volta. E então os cineastas decidiram começar a fazer filmes com um orçamento muito, muito, menor, em pequena escala, diria. E isso resultou naquilo que hoje se chama Nollywood. Felizmente, temos uma população enorme, e o nosso povo reconhecia-se no tipo de história que estava a ser contada. Há muita originalidade no tipo de história que contamos. Por exemplo, quando a indústria começou, o primeiro filme que realmente fez sucesso, que fez o boom, foi "Living in Bondage" (Vivendo em escravatura). É uma história sobre um culto secreto, relacionado com a iniciação. Isso acontece em determinadas partes do país. As pessoas reconheceram-se nessa história. Foi uma revelação para as pessoas que ficaram assim a saber mais sobre coisas secretas que acontecem na sociedade. E depois havia também no Norte, histórias como dramas familiares, histórias de amor, casamento, divorcio, coisas comuns da vida quotidiana. As pessoas conseguiam identificar-se com isso. E do ponto de vista da distribuição, era através de cassetes VHS, o VHS comum que o profissional medio de marketing distribui. Foi assim que começou, era esse o padrão que adotamos. Mas ao longo do caminho, por exemplo, no Norte, decidimos desenvolver outro padrão.
Dissemos: "Ok, tudo bem, se não conseguimos ter acesso as grandes salas de cinema porque não temos filmes de grande orçamento ou não temos esse tipo de cinema no Norte, vamos recorrer aos centros de exibição. Temos muitos centros de exibição: centros de exibição de futebol, porque sabe os nigerianos são grandes fãs e de futebol. Assistem a todos os tipos de campeonato: Premier League, Liga Africana e tudo mais. Então, distribuindo esses filmes nesses centros, os produtores conseguem, recuperar o dinheiro investido na realização cinematográfica. É assim que agimos.”
7 - Mas para além de Nolliwood, que me parece ser um cinema popular, a Nigéria tem outro tipo de cinema? Aqui na Itália, por exemplo, falam em filmes de autor que são considerados de maior qualidade. Vocês têm algo deste tipo?
“Claro, na Nigéria existe esse tipo de coisa. Temos filmes de grande orçamento e sucesso de bilhetaria, como por exemplo, “Wedding Party” (Festa de Casamento), que custou muito dinheiro e teve muito sucesso internacionalmente. Além disso, temos outros gêneros que são drama e principalmente comédia. Há também um filme recente que foi lançado [Everybody Loves Jenifa], que arrecadou cerca de 1,6 mil milhões de nairas [moeda nigeriana], e esse filme não foi distribuído apenas na Nigéria, mas também em vários países da África Ocidental, incluindo alguns países francófonos na África, assim como também no Reino Unido e nos Estados Unidos. E atualmente, estamos a procurar fazer uma parceria para que os nossos filmes possam ser vistos na região do Golfo. Já demos início a esta negociação e isto nos permitirá produzir filmes de grande envergadura financeira e há empresas de distribuição na Nigéria que estão dispostas a investir se virem uma história interessante. Tudo isto para dizer que sim, temos também o tipo de filmes que chamamos de grandes filmes, filmes de grande orçamento. Depois temos os filmes de orçamento médio que são os filmes de categoria B. A seguir temos os filmes de categoria C, que são os de pequeno e pequeníssimo orçamento, porque temos uma população enorme e os jovens precisam de ser envolvidos. E é por isso que temos essa dicotomia quando se trata do tipo de filmes que produzimos e cada categoria, conforme o tipo de filme que produz, tem o seu público.”
8 - Porque é que embora a Nigéria seja uma potência no campo do cinema, permanece, de algum modo, desconhecida, o que é que lhe falta para dar o grande salto internacional?
“Estamos a chegar a isso. Inicialmente, tínhamos problemas em conseguir entrar nalguns países, porque na maioria dos países, é preciso haver uma espécie de memorando de entendimento. Você não pode simplesmente levar o seu filme para um país sem que haja toda essa burocracia pela qual se tem de passar. Isso faz parte do que estamos agora a negociar com a Itália. Então, tenho a certeza de que, quando isso estiver pronto e selado com a maioria dos países, poder-se-á assistir aos nossos filmes nesses países. Para além de filmes de sucesso, como “A Tribe Called Judah” (Uma Tribo Chamada Judá), ou “Everybody Loves Jennifa”, a que me referi atrás e que foi exibido em países como o Reino Unido e os EUA, filmes nigerianos estão agora a ser exibidos em força em plataformas como Netflix e Amazon Prime. E hoje para quase todos os países que possam ir, vêem-se filmes da Nigéria, e encontram-se filmes nigerianos mesmo entre os dez melhores da semana quando as listas são reveladas. Isso quer dizer que estamos a quebrar essa barreira, estamos a ampliar as nossas metas.”
9 - O encontro de Roma, baseava-se no facto de que o cinema é um potente meio para contar histórias e através disso aproximar povos e culturas. E com base nisso e no fato de que tanto a Itália como a Nigéria têm importantes indústrias cinematográficas, estabelecer uma cooperação neste domínio... Como diretor do Nigerian Film Corporation e de Nolliwood, como vê esta possível cooperação? Em que é que poderia ajudar a Nigéria, a África?
“Bem, estamos a analisar um acordo de coprodução cinematográfica e de distribuição cinematográfica. Estamos também a analisar programas de intercâmbio para estudantes de modo a que futuros cineastas nossos possam ter acesso à Itália e da Itália, eles possam ir para a Nigéria estudar a nossa indústria também.”
10 - Pelo que disse, no encontro, Maria Pia, da Rai Fiction (órgão da Rádio Televisão Italiana que se ocupa de filmes de ficção), ficou-se com a impressão de que não há nada e que é preciso partir do zero para essa cooperação....
“Não, nunca houve nada entre a Nigéria e a Itália no passado. Mas é isso que estamos a começar agora e queremos tentar agilizar o processo para que possamos começar o mais breve possível. Estamos esperançosos.”
Desafios do cinema em África
11 - A UNESCO publicou em finais de 2021 um Relatório sobre “A Indústria do Cinema em África: tendências, desafios e oportunidades de crescimento” em que se sublinhava que a Indústria do cinema gera em Africa, por ano, um rendimento de cerca de 5 mil milhões de dólares e emprega cerca de 5 milhões de pessoas, mas se houvesse mais investimentos no sector, esse rendimento e empregos poderiam ser quatro vezes mais. Para além de maiores investimentos, há também o desafio da desigualdade de género neste sector, da censura e da pirataria. Com a força que tem a Nigéria no sector do cinema, caminha apenas por sua conta, ou interage, de algum modo com outros países, no sentido de impulsionar o cinema no continente como um todo, talvez através do FESPACO ou de alguma outra forma?
“Muito bem, veja, a forma como estamos a procurar enfrentar esses desafios, ou pelo menos como os enfrentamos na Nigéria, é assim: para além de participar no FESPACO, temos também o nosso próprio festival de cinema: o Zuma International Film Festival, que acontece anualmente na Nigéria. E é uma das formas estamos a tentar impulsionar o cinema no continente, juntamente com os outros. Agora, estamos também a tentar convidar os nossos colegas da África e dialogar connosco. Por exemplo, desde o ano passado, o que eu, como Diretor Administrativo da Nigerian Film Corporation, a defender é fazer com que os países africanos se unam e assinem um acordo que permita distribuir filmes da África em qualquer país africano. Se você for da Nigéria, o seu filme será exibido. Se for de qualquer país da África, África do Sul, Moçambique... o seu filme poderá ser exibido em todos os países da África. Esse é o primeiro problema que temos de resolver. Quando conseguimos fazer isso, creio que faremos um grande progresso, porque se você conseguir convencer um investidor de que poderá ganhar muito dinheiro, distribuindo um filme por toda a África, garanto que não precisaremos de andar à procura de investidores, serão eles a vir espontaneamente ter connosco. “
12 - E é muito difícil fazer isso?
“Sim. A questão é que temos a União Africana do Cinema. Então, essas são as conversas que vamos ter juntos. Mas tenha presente que a maioria dos países dirá que, antes que nossos filmes possam ir para este ou aquele país, é preciso ter-se um Memorando de Entendimento. Então, estou a procurar fazer com que tenhamos um Memorando de Entendimento geral que possa ser aplicado em todos os países africanos, porque se fizemos isso individualmente, são 54 países, isso levaria muito tempo. Mas, se conseguirmos, teremos um acordo geral será mais fácil. Este é um aspeto. Em segundo lugar, na Nigéria, através da Corporação Nigeriana de Cinema, sob o Ministério das Artes, Cultura, Turismo e Economia Criativa, estamos a elaborar reformas políticas. E essas reformas políticas vão ter em conta a maioria desses aspetos que mencionou, como financiamento, igualdade de género e assim por diante. Da nossa parte, estamos a fazer tudo isso.”
Relação com a Igreja católica no campo do cinema
13 - A Igreja católica é bastante influente na Nigéria e não é totalmente estranha ao mundo do cinema. SIGNIS-África, o braço africano da Associação Católica Internacional de Comunicação - SIGNIS é presidido por um nigeriano, o P. Walter Chikwedu Ihejirika. Tem alguma relação cinematográfica com o mundo católico na Nigéria?
“Bem, sabe, existem algumas produtoras que geralmente produzem filmes religiosos. Então, nessa área, eles podem apoiar.”
14 - Mas atualmente não têm nenhuma relação com eles enquanto Corporação de Cinema na Nigéria?
“Não, não, não há nada parecido neste momento.”
“Makemention” - primeiro film realizado com IA em África
15 - Para terminarmos, com os encargos que tem agora como diretor da Nigerian Film Corporation e Nollywood, resta-lhe tempo para trabalhar como ator e realizador de cinema, e está a trabalhar atualmente nalgum filme?
“Sim, consigo ter tempo para fazer isso, embora estando muito ocupado com as minhas atividades enquanto Diretor Geral. Mas arranjo tempo também porque enquanto Diretor Geral da Indústria de Cinema é preciso estar muito em contacto com a Indústria cinematográfica e a par do que está a acontecer para se relacionar melhor com os colegas sempre se se quiser pôr em ato alguma atividade. Quanto a filmes meus, a partir do dia 18 de abril, e durante as férias da Páscoa, um dos meus filmes estará nas salas de cinema da Nigéria. Intitula-se “Makemention” e é o primeiro filme africano feito em inteligência artificial. [O filme é a propósito da cooperação, amizade e cooperação, enfim, cinema como instrumento de educação]. Portanto, continuo a ser plenamente parte da Indústria cinematográfica.”
16 - E como Diretor Geral da Nigerian Film Corporation, que timbre pessoal gostaria de imprimir a este organismo?
“Bem, o timbre pessoal que gostaria de deixar é um legado de mudanças nas políticas. Quando digo isso, estou-me a referir a mudanças no sentido de incentivos fiscais de coprodução, de filmagem... De momento não temos nada disso, mas estamos a trabalhar em algo neste sentido e o Governo Federal está prestes a aprová-lo. Então, esse é um dos marcos que quero deixar. Em segundo lugar, garantir que a indústria tenha a infraestrutura certa para trabalhar, porque a nossa missão é garantir que haja um ambiente propício para que todos os cineastas possam trabalhar. E outra vertente é a área de capacitação. Queremos fazer muito na área de capacitação. Por exemplo, se um cineasta tem experiência na realização de filmes, mas com baixa qualidade, como podemos ajudá-lo a melhorar tecnicamente e fazer filmes de padrão internacional? Portanto, é esse é o tipo de legado que estou a tentar deixar.”
17 - E o governo vai nesta linha, coopera?
“Sim, plenamente. O Presidente da República Federal da Nigéria, Bola Ahmed Tinubu, no âmbito da Agenda Renovada da Esperança, está a procurar envolver os jovens; a procurar garantir que haja outros setores que possam contribuir para o crescimento económico da Nação, e a indústria cinematográfica é um dos setores que pode fazer isso. E é por isso que ele criou o Ministério das Artes, Cultura, Turismo e Economia Criativa. Temos também à frente desse Ministério a enérgica Ministra Hannatu Musa Musawa que é uma grande mulher, uma obstinada trabalhadora, e está a fazer muito no campo do audiovisual. Então, esperamos conseguir isso.”
Mensagem aos jovens
18 - Há algo mais que gostaria de dizer, talvez uma mensagem aos jovens que queiram empreender o caminho da sétima arte, o cinema?
“Sim. Certo, o que eu tenho a dizer aos jovens é que tenham presente que o campo da realização cinematográfica exige muita paciência, perseverança e resiliência. Mesmo tendo essas qualidades, pode não ser fácil. Pode ser muito difícil no início. Mas se você for paciente, aplicado e consistente, com certeza que vai conseguir singrar nessa área.”
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